Mudanças: De Heráclito à Belchior
Um
cartão-postal com a escultura de Claire Colinet, intitulada O Pensador, me fez
refletir sobre o que estaria, a obra, pensando. Consegui este cartão em uma
visita pelo Congresso Nacional, e tal escultura se encontra nos acervos
artísticos do Senado Federal. A obra, feita de bronze, se sintetiza em um jovem
sobre uma pedra, curvado, com a cabeça encostada em seu joelho esquerdo. Ok,
sabemos que é somente uma escultura de bronze, mas permiti-me o ato de
imaginar. E senti o que ele sentia. Uma inquietude, misturada à indecisão e
angústia. A vontade é de abraçá-lo e dizer que vai passar, que ele encontrará
respostas para seu caminho. Queria contar a ele que já me senti tantas vezes
perdido e tenho a convicção de que ainda passarei por isto algumas outras
vezes. Contar que a vida é feita de constantes mudanças.
A
mágica da imaginação o fez personificar, e então pude olhar nos seus olhos e
lhe dizer sobre dois pensamentos e seus pensadores. Um da Grécia Antiga e outro
de Sobral, no Ceará. Heráclito, e sua dialética, nos disse que ‘Nada é
permanente, exceto a mudança’. E Belchior, com suas inúmeras obras, proclamou
que ‘O passado é uma roupa que não nos serve mais’. 
Entender
o que a ela representa nas nossas vidas e como ela faz parte de nossa evolução
é tão importante quanto compreender a necessidade de se olhar para trás como
mera reflexão e inspiração, desapegando-se e permitindo os novos trilhos que
lhe aparecem. Mudamos de cidade, de escola, de carro, de casa. Mudamos o modo
de pensar, de agir, de enxergar o mundo. E, com isso, evoluímos. 
E
assim, na mesma velocidade, voltou a ser estátua e meu imaginário voltou à
realidade. Mas, comigo, a mensagem permaneceu. Quero poder falar aos quatro
cantos que sou quem sou pelas constantes mudanças que vivi. E se, você que está
lendo, algum dia sentir tal angústia, lembre-se também de Heráclito e Belchior.
Mude.

 
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