A Valsa das Eleições
        A Política nos permite
confabular. E como em uma noite de Gala, no belo Salão Nobre do Palace Cassino,
os partidos encontram-se para o quadrienal “Baile Dançante das Eleições”. Em
uma noite de muitas emoções, será entregue, ao melhor dançarino, o troféu de
Presidente da República. Ganha aquele que souber escolher os melhores pares e
conquistar o público presente.
       Neste ‘baile’, temos o pensamento
radical de um dançarino fardado: Dele, espera-se qualquer coreografia e por
mais incorreta e tosca que seja, atrai olhares de curiosos. Temos também um
grupo central, capaz de dançar conforme a música. Mas os passos já são conhecidos
e pouco impressionam, no tradicional “Um passo pra direita; outro pra
esquerda”. Tem ainda os que sempre quiseram entrar na dança, mas nunca
conseguiram e os dançarinos que nunca pisaram num palco de dança mas prometem
aprender rápido. E, então, temos o dançarino que já reinou neste salão, mas
fora expulso da competição. Ele questiona tal decisão e a enfrenta, mantendo
seu nome da lista de convidados. Carismático, traz consigo uma grande torcida.
       Neste Grande Baile, o dançarino
expulso passa pela dicotomia, ora de buscar alternativas, caçando alguém que o substitua,
desde que use seus trajes e coreografias, ora de defender sua própria
apresentação. E nesta, parece mesmo valsar à beira de um Abismo, no qual se
arrisca cair e ainda enfraquecer seus colegas, que dançam na margem esquerda da
pista. 
          Sou ferrenho defensor da Justiça,
a todos e sem distinção.  Porém, não há
razões para nos cegar diante de um cenário em que se encontra. A insistência do
PT em manter Lula na disputa dissipa a esquerda política e desmantela a
candidatura do próprio partido; além de trazer à tona a política antiga, de
favores, ao realizar um jogo de xadrez político, como fez com o PSB, com o
receio de que o mesmo apoiasse Ciro Gomes (PDT), tido como um dos sucessores de
seu eleitorado. Para isto, fez uma troca: Solicitou neutralidade do PSB no
apoio a algum candidato à Presidente, e com isso, receberia o apoio do Partido
dos Trabalhadores em quatro estados, como em Pernambuco, em que a cotada
candidata Marília Arraes (PT-PE) cederia espaço para a reeleição de Paulo
Câmara (PSB-PE). Mais ainda: Insistir com Lula pode levar, ao Poder, o
extremista Bolsonaro (PSL), pelo simples fato dele passar o papel do
antilulismo.
       As badaladas dos sinos anunciam
que o horário da Valsa se aproxima e logo saberemos o verdadeiro vencedor,
nessa disputa em que desejávamos um novo ‘pé de valsa’, mas vamos acabar
analisando os mesmos de sempre.
(Coluna Torpedo do Dia, publicada em 10 de Agosto de 2018, na edição nº 6.855 do Jornal da Cidade, de Poços de Caldas)
 
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